Figura presente no meio do futebol, o agente esportivo tem a sua regulamentação frequentemente colocada em discussão pela Fifa, a entidade máxima da modalidade no planeta. E regras a respeito envolvem a necessidade de se criar pontos em comum entre todos os membros, pontuou o advogado especialista em Direito esportivo Gabriel Caputo Bastos. Ele participou de debate realizado nesta 4ª feira (18), em Brasília.
Caputo Bastos, que também trabalha como agente de jogadores de futebol, afirmou, por exemplo, que até a nomenclatura definida pela Fifa mudou no decorrer dos últimos anos. Inicialmente, a profissão era chamada de agente. Posteriormente, com novas definições do trabalho que deveria ser feito por esse tipo de profissional, surgiu a figura do “intermediário”. Por fim, a nomenclatura voltou a ser agente. “A Fifa tenta unificar esse processo”, enfatizou o advogado ao discursar em painel do Jurisports Brasília , evento sobre Direito esportivo realizado nesta semana no Distrito Federal.
Negócios entre pessoas jurídicas e pessoas físicas
Ao lado de Luiz Marcondes (outro advogado e agente de futebol), Gabriel Caputo Bastos lembrou que mudanças impostas pela Fifa também impactam diretamente na parte de como o negócio envolvendo o agenciamento se dá (venda de um jogador, por exemplo). Antes, esse tipo de atividade poderia contar com uma empresa legalmente constituída. A pessoa jurídica (PJ), no entanto, deixou de ser permitida, dando vez, de forma exclusiva, a comissões para pessoas físicas.
Caputo Bastos chamou a atenção que, em termos de comissão, as regras atuais da Fifa acabam por fazer com que os agentes repensem em lidar diretamente com jogadores. Isso porque o percentual liberado é de 3% por negociação. Nesse ponto, os dois debatedores lembraram que atletas envolvendo cifras milionárias não é o comum. “No Brasil, a maioria dos jogadores de futebol ganha até três salários mínimos. Como o agente vai sobreviver com 3% de comissão sobre um salário desse?”, questionou Marcondes.
Por fim, Luiz Marcondes e Gabriel Caputo Bastos, com base em leis brasileiras e regras da Fifa, salientaram para a necessidade do trabalho de agente esportivo ser, antes de mais nada, encarado como uma profissão – e que precisa de regras que valorizem o seu exercício no Brasil e em todo o mundo composto pelos 211 “países” que fazem parte da Fifa.
Anderson Scardoelli/SBT News